Artigo publicado pelo sócio-fundador Franco Júnior no Jornal de Brasília, em 21/05/2020.
Talvez em nenhum outro momento da história do nosso País foi tão necessária a união entre as pessoas.
No início desta pandemia e no seu decorrer foi possível identificar muitos discursos otimistas de que este seria um tempo onde poderíamos evoluir enquanto sociedade; onde gerações, independente de classe, credo, cor, partido político, se uniriam em busca da superação da crise de saúde e econômica que estávamos por enfrentar.
Nos diziam que o isolamento faria com que cada pessoa refletisse do quão difícil seria ser privado de coisas, que antes consideradas simples, se tornariam tão importantes e, portanto, como em um passe de mágica, nos tornaríamos seres humanos evoluídos.
Eu escutei que essa crise faria nascer, em cada cidadão, autoridades, independentemente da posição ocupada, um anseio em proteger o próximo, com uma profusão de solidariedade e altruísmo entre todos.
Passados mais de 60 dias de isolamento, o que, facilmente se constata, é um país cada vez mais dividido, extremamente polarizado, onde, o que mais aflorou neste momento tão conturbado, foi a forma contundente como cada um passou a defender o seu próprio posicionamento e interesse (geralmente com viés político), calcado em informações transversas.
Estamos vivendo momentos de tensões entre os Poderes de Estado, manifestações violentas e partidárias, insegurança econômica, política e sanitária e, pasmem, toda essa energia está sendo gasta em interesses extremamente privados quando enfrentamos a pior crise da nossa geração. Uma coisa é certa: o ego é maior que o vírus.
Já diria o lendário filósofo das redes sociais “Tio Rico”: “Quer ter sucesso: muito risco e pouco ego”. O que ele quer dizer com isto é que na vida precisamos ter coragem para o sucesso, ao mesmo tempo que, para que isso se sustente, o ego deve ser abafado.
Isso se aplica no contexto da sociedade. Devemos encarar tudo o que está acontecendo com muita coragem e pouco ego. Essa é a fórmula para todo. Assim, ao menos, reservo minha opinião, salvo prova em contrário.
No momento em que TODA A POPULAÇÃO deveria estar UNIDA com um único OBJETIVO que seria a preservação de VIDAS, através da construção de uma estrutura de SAÚDE sustentável, ao mesmo tempo em que se preservaria EMPREGOS, o país encontra em sérias e conturbadas relações sociais, DESPERDIÇANDO a chance de sair dessa tão séria anormalidade de forma rápida e eficaz e desenharmos um FUTURO melhor para TODOS.
Não adianta culparmos gestores, políticos, autoridades. Todos os problemas decorrem da sociedade e de suas escolhas. Ao mesmo tempo que esse problema decorre da sociedade, também está em suas mãos resolvê-la.
Tempos sombrios já estão se instalando. Ou a sociedade se une para defender uma só causa, uma só bandeira, ainda que seja transitório, mas para que, esta fase seja vencida, ou penaremos para sair dela, quiçá como sairemos.
É tempo de levantarmos a bandeira da paz, da solidariedade e juntarmos todas as forças possíveis para que o País saia dessa crise o mais rapidamente possível. É tempo de esquecermos partidos políticos e suas discussões e torcemos para a coisa dar certo. É tempo de lembrarmos que todos vivemos no mesmo país, sob o mesmo sistema de saúde, sob a mesma economia, e, se as coisas não andarem bem, absolutamente todos estarão no mesmo barco. É tempo de quem torce contra e quem torce a favor se unir em uma só torcida. É tempo de se posicionar, contudo, no momento, o alvo é comum a todos.
Enquanto o número de mortes e infectados aumentam e a economia entra em colapso, pessoas se preocupam em defender bandeiras políticas. Tem gente, por mais incrível que possa parecer, torce contra o país e a favor do vírus. Pessoas, por mais absurdo que possa parecer, se utilizam de mortes e da crise para justificar e comemorar suas escolhas e posicionamentos passados. Estão atrasando a saída de todo o País da crise. Estão atrasando a vida do próximo. Estão atrasando a própria vida. Penso, eu, que mal sabem o que está por vir.
É tempo de protestarmos contra o vírus. É tempo do executivo, legislativo e judiciário se unirem para o povo. É tempo do povo se unir para o povo. Depois de tudo que está acontecendo, penso nada ser impossível.
União; construirmos uma unidade; sermos um país para todos; todos em uma só voz; talvez esse seja o primeiro momento da nossa história que de fato isto faça sentido não apenas como um discurso político. No País da polarização o que precisamos é de união.
O lendário líder – este sim, muito risco (coragem) e pouco ego – Martin Luther King, em talvez um dos, senão o mais, relevante dos discursos, ele dizia: “I Have a Dream”. Com suas lutas específicas contra o racismo, ele tinha um sonho: unir a sociedade em que vivia.
Nos faltam líderes com suas características, mas sobram em nosso povo, esperança, garra e superação. Só precisamos da direção correta.
Por tudo que está acontecendo, ou nos UNIMOS ou seremos vencidos por nós mesmos.
I have a dream. Eu tenho um sonho hoje. Que possamos sair dessa crise unidos com um único povo e nação.
I have a dream.
Que Deus nos abençoe.
Publicação original em: https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/pense-direito/i-have-a-dream-eu-tenho-um-sonho-hoje-que-possamos-sair-dessa-crise-unidos-como-um-unico-povo-e-nacao/